Oi gente.
Um dos questionamentos que mais recebo de vocês é sobre amamentação, então, procurei algumas amigas mães pra que reuníssemos nossas experiências e passássemos aqui pra vocês. Acho que vai ser muito mais proveitoso do que ter só a minha (acho não, tenho certeza!) Pra começar, deixo vocês com o relato da Kamylla, querida Kam, mãe do Daniel (Vulgo, Lord Dandan).
Boa leitura!
Eu e amamentação
Quando a Hellen falou que iria
reunir relatos sobre amamentação pra colocar no blog, eu fui uma das primeiras
a querer falar sobre o meu. Não que o meu seja mais especial ou mereça mais
atenção que os outros, mas porque é um relato que pode acontecer com qualquer
uma e, é melhor que, ao contrário de mim, você esteja preparada para esta
situação.
Minha gravidez foi muito
tranquila. Engordei apenas 9 quilos e tive um pré-natal com todo o
acompanhamento correto. Sempre quis fazer parto normal. Morro de medo de
qualquer tipo de cirurgia. Só de pensar que meu bebê nasceria e eu estaria
operada me fazia gelar a espinha. Li
tudo o que havia sobre parto normal e me preparei para aquilo.
Com contrações alucinantes e 40
semanas e 5 dias, depois de 18 horas de trabalho de parto ativo, meu bebê
Daniel nasceu. Lindo, forte e perfeito. Alegria total, minha e de meu marido.
Sofri uma laceração e tive que ser levada à sala de cirurgia para levar um
pontinho no períneo. Nada demais. Meu filho foi levado para pesar e medir.
Depois disso fomos os dois para o apartamento e a enfermeira sugeriu que desse
o peito, pois ele deveria estar com fome, apesar de quieto. Tentei, sem muito
interesse da parte de meu filho.
Tenho mamilo invertido e, se você
não sabe o que é isso, eu explico: quer dizer que o mamilo que deveria ser pra
fora, é pra dentro. Isso não é, em si, um motivo para não amamentar. Conheço
algumas mulheres que conseguiram perfeitamente, inclusive minha mãe. À noite
inteira meu filho chorou e eu não conseguia fazer com que ele pegasse no meu
peito. Eu tinha muito leite. Com 36 semanas tinha que dormir de protetor de
seios porque vazava demais. Tive que chamar as enfermeiras que ofereceram leite
do banco de leite para meu filho.
No dia seguinte estava
determinada a fazer meu filho pegar o peito. Fui ao lactário e as enfermeiras
fizeram de tudo pra que isso acontecesse. Sem sucesso. Como a maternidade tinha
bomba de leite, tirei bastante leite para Daniel e ele conseguiu tomar bem o
leite durante o dia inteiro, ainda que no copinho. Não queria que ele recebesse
leite artificial e tirei leite para o dia inteiro, inclusive na madrugada.
Ainda assim, tentei o durante o dia fazer com que ele mamasse no peito. A
enfermeira indicou que usasse um mamilo de silicone pois facilitaria a pega.
Foi verdade. Ele conseguiu, mas, na faxina da noite, a enfermeira passou pelo
quarto e jogou fora os mamilos de silicone. Quase morro.
Como ele não conseguia sugar o
seio, a pediatra da maternidade indicou que uma fonoaudióloga fosse examiná-lo
e ensiná-lo a pegar o seio para que pudéssemos ter alta. A fono levou uma sonda
de relactação e, finalmente conseguiu que ele pegasse. Pensei: ufa! Meus
problemas acabaram. Tivemos alta. Quando chegamos em casa e tentei amamenta-lo,
o mesmo problema de antes. Eu havia pedido a meu marido que comprasse outro
mamilo de silicone. Apenas dessa maneira eu conseguia alimentar Daniel. E dessa
forma ele foi alimentado durante uma semana.
Quem já teve filho sabe que o
bebê deve ir ao pediatra com dez dias de vida para verificar se está tudo bem.
Fomos ao pediatra e, depois fomos ao lactário para ver se conseguíamos colocar
Daniel no peito sem o recurso do mamilo de silicone. Conseguimos e eu voltei
pra casa explodindo de felicidade. Nessa semana meu filho conseguiu mamar, com
alguma dificuldade em meu peito. O problema é que essa dificuldade foi se
agravando cada dia mais. Fomos a outra fonoaudióloga e, ao pedir que o
colocasse para mamar ela percebeu muita força por parte dele. Fez o exame e detectou
que ele tinha o frênulo lingual curto. A famosa língua presa. Por essa razão
ele fazia muito esforço pra conseguir sugar. Duas coisas que jamais poderiam se
encontrar se encontraram: Frênulo curto do meu bebê e meu mamilo invertido.
Amamentar havia se tornado uma
atividade dolorosa e cansativa para mim e meu filho. Meus mamilos estavam em
carne viva em virtude da dificuldade de Daniel conseguir pegar o mamilo e,
assim que o colocava no peito ele começava a chorar e ficar estressado pelo que
viria. A gota d’água foi quando Daniel acordou às 4 horas da manhã para mamar e
só saiu do meu peito às 4 da tarde. Eu estava exausta. Não havia conseguido
sequer escovar os dentes nesse dia. Eu só conseguia chorar. De dor, de cansaço
de frustração, tudo junto. A partir daquele momento eu precisava de um plano b.
Algo que permitisse que meu bebê fosse alimentado. Meu marido e eu decidimos
que eu tiraria o leite com a bomba e daria para Daniel na mamadeira. Meus seios
estavam em carne viva, coluna doendo e meu bebê não estava alimentado. Aquela
decisão fora um sopro de esperança e alegria.
Após toda essa confusão decidimos
ir ao banco de leite da maternidade pública que é referência aqui em São Luís.
Fomos muito bem recebidos e tivemos um excelente tratamento por parte de todos
os profissionais, - Se você tiver algum problema com amamentação, não hesite.
Vá imediatamente ao banco de leite destas maternidades. - O fonoaudiólogo examinou Daniel e detectou a
mesma coisa que a fono que havia feito o teste da linguinha: ele tinha o
frênulo curto e precisaria passar por uma cirurgia para poder mamar
corretamente, pois daquela forma ele estava fazendo muito esforço e conseguindo
mamar muito pouco, por isso ele ficava muito tempo no peito e sempre bastante
irritado. Ficamos assustados de início, mas depois entendemos que seria melhor
para nosso filho. Entretanto, a cirurgia dele só foi feita bem depois, com 5
meses, por recomendação do cirurgião bucomaxilo.
Após 3 meses eu já não conseguia
tirar muito leite materno para Daniel e, resolvemos dar fórmula para ele. Com
toda a culpa do mundo, eu me sentia uma mãe horrível. Meu marido tentava me
consolar, mas era muito difícil encarar que eu, com tanto leite não poderia
amamentar meu filho. Após várias visitas ao pediatra e de ver que Daniel estava
ganhando peso, crescendo e se desenvolvendo normalmente foi que pude
desencanar. Entendi que meu filho precisava tomar o leite artificial e que eu
tinha ido até as últimas consequências para amamenta-lo. Infelizmente não deu.
Em toda a minha gravidez, eu
imaginei que tudo poderia acontecer no meu parto normal: eu não ter passagem,
sentir muita dor, desistir no meio do caminho. Eu estava preparada para tudo isso,
mas se alguém me dissesse que eu não seria capaz de amamentar eu jamais acreditaria,
porque para mim aquilo era muito natural. Não foi. Para você que está grávida
meu conselho é: Estude, leia muito, se informe sobre tudo e, se puder, contrate
uma assessoria de amamentação. Isso é mais importante do que você imagina e não
é frescura. Amamentar dói no começo e não é como os comerciais do governo
mostram: A Juliana Paes linda e penteada com seu filho perfeitamente acomodado
em seu colo, com aquela tocante troca de olhares. Às vezes amamentar vai ser
você com cheiro de leite azedo, com seu bebê aos berros, uma dor lancinante e
com os olhos fechados de tanto sono. Mas, ainda assim, amamentar é maravilhoso.
É um vínculo que só você vai ter com seu filho e o leite materno é o alimento
perfeito para ele. Caso você não consiga, paciência. Você não é a única e,
graças a Deus, existem outras formas de alimentar seu bebê. Siga em frente, seu
bebê precisa de você inteira. Que Deus nos ajude e nos dê sabedoria para educar
nossos filhos.
Esses são Kamylla, Daniel e o Fernando!